quinta-feira, 8 de setembro de 2011


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Meu Amor, não é nada: - Sons marinhos 
Numa concha vazia, choro errante... 
Ah, olhos que não choram! Pobrezinhos... 
Não há luz neste mundo que os levante! 

Eu andarei por ti os maus caminhos 
E as minhas mãos, abertas a diamante, 
Hão de crucificar-se nos espinhos 
Quando o meu peito for o teu mirante! 

Para que corpos vis te não desejem, 
Hei de dar-te o meu corpo, e a boca minha 
Pra que bocas impuras te não beijem! 

Como quem roça um lago que sonhou, 
Minhas cansadas asas de andorinha 
Hão-de prender-te todo num só vôo... 

Florbela Espanca

2 comentários:

  1. Precioso poema, donde se desborda el sentimiento.
    Amiga Jacque, tu corazón es más grande que mi Teide, gracias por derramar tus lágrimas y compartirlas.
    Un abrazo.
    Jecego.

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  2. Jacque

    Que maravilha de poema! Sendo de Florbela Espanca, está tudo dito.
    Beijos

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