Noite...
Ó noite,
coalhada nas formas de um corpo de mulher
vago e belo e voluptuoso
num bailado erótico, com o cenário dos astros,
mudos e quedos.
Estrelas que as suas mãos afagam
e a boca repele,
deixai que os caminhos da noite,
cegos e retos como o destino,
suspensos como uma nuvem,
sejam os caminhos dos poetas
que lhes decoraram o nome.
Ó noite,
coalhada nas formas de um corpo de mulher!
esconde a vida no seio de uma estrela
e fá-la pairar, assim mágica e irreal,
para que a olhemos como uma lua sonâmbula.
Fernando Namora