sábado, 14 de maio de 2011


Poema XLIV 

Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo ainda.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desafortunado.

Meu amor tem duas vidas para amar-te. 

Por isso te amo quando não te amo 
e por isso te amo quando te amo.

Pablo Neruda

Voy a dormir

Dientes de flores, cofia de rocío,
manos de hierbas, tú, nodriza fina,
tenme prestas las sábanas terrosas
y el edredón de musgos escardados.

Voy a dormir, nodriza mía, acuéstame.
Ponme una lámpara a la cabecera;
una constelación; la que te guste;
todas son buenas; bájala un poquito.

Déjame sola: oyes romper los brotes…
te acuna un pie celeste desde arriba
y un pájaro te traza unos compases

para que olvides… Gracias. Ah, un encargo:
si él llama nuevamente por teléfono
le dices que no insista, que he salido..

Alfonsina Storni

Diz-me, Amor, 
como Te Sou Querida

Diz-me, amor, como te sou querida, 
Conta-me a glória do teu sonho eleito, 
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito, 
Arranca-me dos pântanos da vida. 

Embriagada numa estranha lida, 
Trago nas mãos o coração desfeito, 
Mostra-me a luz, ensina-me o preceito 
Que me salve e levante redimida! 

Nesta negra cisterna em que me afundo, 
Sem quimeras, sem crenças, sem turnura, 
Agonia sem fé dum moribundo, 

Grito o teu nome numa sede estranha, 
Como se fosse, amor, toda a frescura 
Das cristalinas águas da montanha! 

Florbela Espanca