sexta-feira, 1 de outubro de 2010


Janela do Sonho

Abri as janelas 
que havia dentro de ti 
e entrei abandonado 
nos teus braços generosos. 

Senti dentro de mim 
o tempo a criar silêncio 
para te beber altiva e plena. 

Mil vezes 
repeti teu nome, 
mil vezes, 
de forma aveludada 
e era a chave 
que se expunha 
e fecundava dentro de mim. 

Já não se sonha, 
deixei de sonhar, 
o sonho é poeira dos tempos 
é a voz da extensão 
é a voz da pureza 
que dardejava na nossa doçura. 

Quando abri as tuas janelas 
e despi teus braços 
perdi a vaidade 
e a pressa, 
amei a partida 
e em silêncio abri, 
(sem saber que abria) 
uma noite húmida 
em combustão secreta 
desmaiado no teu ombro 
de afrodite. 

Carlos Melo Santos