quinta-feira, 19 de maio de 2011


Frieza

Os teus olhos são frios como as espadas, 
E claros como os trágicos punhais, 
Têm brilhos cortantes de metais 
E fulgores de lâminas geladas. 

Vejo neles imagens retratadas 
De abandonos cruéis e desleais, 
Fantásticos desejos irreais, 
E todo o oiro e o sol das madrugadas! 

Mas não te invejo, Amor, essa indiferença, 
Que viver neste mundo sem amar 
É pior que ser cego de nascença! 

Tu invejas a dor que vive em mim! 
E quanta vez dirás a soluçar: 
"Ah, quem me dera, Irmã, amar assim!..." 

Florbela Espanca