quarta-feira, 3 de novembro de 2010



A Cor da Tua Alma

Enquanto eu te beijo, o seu rumor 
nos dá a árvore, que se agita ao sol de ouro 
que o sol lhe dá ao fugir, fugaz tesouro 
da árvore que é a árvore de meu amor. 

Não é fulgor, não é ardor, não é primor 
o que me dá de ti o que te adoro, 
com a luz que se afasta; é o ouro, o ouro, 
é o ouro feito sombra: a tua cor. 

A cor de tua alma; pois teus olhos 
vão-se tornando nela, e à medida 
que o sol troca por seus rubros seus ouros, 
e tu te fazes pálida e fundida, 
sai o ouro feito tu de teus dois olhos 
que me são paz, fé, sol: a minha vida! 

Juan Ramón Jiménez