quarta-feira, 7 de dezembro de 2011



A Mulher que Passa

Meu Deus, eu quero a mulher que passa. 
Seu dorso frio é um campo de lírios 
Tem sete cores nos seus cabelos 
Sete esperanças na boca fresca! 

Oh! Como és linda, mulher que passas 
que me sacias e suplicias 
Dentro das noites, dentro dos dias! 

Teus sentimentos são poesia 
Teus sofrimentos, melancolia. 
Teus pêlos leves são relva boa 
Fresca e macia. 
Teus belos braços são cisnes mansos 
Longe das vozes da ventania. 

Meu Deus, eu quero a mulher que passa! 

Como te adoro, mulher que passas 
Que vens e passas, que me sacias 
Dentro das noites, dentro dos dias! 

Porque me faltas, se te procuro? 
Por que me odeias quando te juro 
Que te perdia se me encontravas 
E me encontrava se te perdias? 

Por que não voltas, mulher que passa? 
Por que não enches a minha vida? 
Por que não voltas, mulher querida 
Sempre perdida, nunca encontrada? 
Por que não voltas à minha vida 
Para o que sofro não ser desgraça? 

Meu Deus, eu quero a mulher que passa! 
Eu quero-a agora, sem mais demora 
A minha amada mulher que passa! 

No santo nome do teu martírio 
Do teu martírio que nunca cessa 
Meu Deus, eu quero, quero depressa 
A minha amada mulher que passa! 

Que fica e passa, que pacifica 
Que é tanto pura como devassa 
Que bóia leve como a cortiça 
E tem raízes como a fumaça. 

Vinicius de Moraes

3 comentários:

  1. Gracias por ofrecer tan bellos poemas un placer visitarte,un abrazo.J.R.

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  2. Amiga Jacque, gracias por compartir.
    ¿Como has pasado esta Semana?
    Oye, falta la foto vestida de negro, ¿la tienes castigada?.......
    Ayer fui a casa de un hermano que celebraba el Santo de su esposa, Concepción, y lo pasamos muy bien.
    Un abrazo.
    Jecego.

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  3. Que belo poema.
    Vinicius, poeta, boémio e conhecedor da vida sabia o que queria.
    Lindo cara amiga.

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