Se Me Esqueceres
Quero que saibas
uma coisa.
Sabes como é:
se olho
a lua de cristal, o ramo vermelho
do lento outono à minha janela,
se toco
junto do lume
a impalpável cinza
ou o enrugado corpo da lenha,
tudo me leva para ti,
como se tudo o que existe,
aromas, luz, metais,
fosse pequenos barcos que navegam
até às tuas ilhas que me esperam.
Mas agora,
se pouco a pouco me deixas de amar
deixarei de te amar pouco a pouco.
Se de súbito
me esqueceres
não me procures,
porque já te terei esquecido.
Se julgas que é vasto e louco
o vento de bandeiras
que passa pela minha vida
e te resolves
a deixar-me na margem
do coração em que tenho raízes,
pensa
que nesse dia,
a essa hora
levantarei os braços
e as minhas raízes sairão
em busca de outra terra.
Porém
se todos os dias,
a toda a hora,
te sentes destinada a mim
com doçura implacável,
se todos os dias uma flor
uma flor te sobe aos lábios à minha procura,
ai meu amor, ai minha amada,
em mim todo esse fogo se repete,
em mim nada se apaga nem se esquece,
o meu amor alimenta-se do teu amor,
e enquanto viveres estará nos teus braços
sem sair dos meus.
Pablo Neruda
oi Jacque, bem bonito esse texto.
ResponderExcluir"o meu amor alimenta-se do teu amor"
Faz sentido...histórias de amor não correspondido, deixam o coração apático, carente e anêmico.
Amiga, ótima semana!! bjoss
Todo un gusto leer a Neruda,uno de los grandes,un placer visitarte un abrazo.J.R.
ResponderExcluirJacque
ResponderExcluirQue belo poema!... Adoro a poesia de Pablo Neruda. Além de belos poemas de intervenção, os mais sensuais como este, fazer ler e reler. Sou assim!
Beijos amiga