sábado, 29 de outubro de 2011


Ontologia do Amor

Tua carne é a graça tenra dos pomares 
e abre-se teu ventre de uma a outra lua; 
de teus próprios seios descem dois luares 
e desse luar vestida é que ficas nua. 

Ânsia de voo em asas de ficar 
de ti mesma sou o mar e o fundo. 
Praia dos seres, quem te viajar 
só naufragando recupera o mundo. 

Ritmo de céu, por quem és pergunta 
de uma azul resposta que não trazes junta 
vitral de carne em catedral infinda. 

Ter-te amor é já rezar-te, prece 
de um imenso altar onde acontece 
quem no próprio corpo é céu ainda. 

Vítor Matos e Sá

Um comentário:

  1. Vítor Matos e Sá, julgo que poeta Moçambicano, surpreendeu-me neste poema. Não o conhecia mas achei-o de grande sensibilidade.
    A imagem que acompanha é muito sugestiva.

    ResponderExcluir