segunda-feira, 6 de junho de 2011


O CRESCIMENTO DO AMOR, 
OU A PRIMAVERA

Mal acredito que o meu amor seja tão puro
Como pensava que era,
Porque tem que suportar
Vicissitudes, e estações, como a erva.
Penso que menti todo o inverno, quando jurava
Meu amor infinito, se a Primavera o aumentou.

Mas, se o amor, este remédio, que toda a mágoa cura
Com mais, não for qualquer quintessência, é mistura
De todas as matérias afligindo a alma, ou os sentidos,
E ao Sol rouba o seu vigor operativo.
O Amor não é tão puro e abstrato, como costumam
Dizer os que por amantes têm a sua Musa,
Mas como tudo o resto, sendo também elemental,
Por vezes será contemplativo, outras agirá.

Mas nem por isso maior, apenas mais eminente
Se tornou, com a Primavera,
Como, no firmamento,
Com o Sol, as estrelas, se mostram mas não aumentam.
Como botões num ramo, ternos gestos amorosos,
Da despertada raiz do amor florescem agora.

Se, no agitar da água mais círculos procedem
de um, também assim o amor se acrescentará.
Esses, iguais às tantas esferas, apenas um céu formam,
Porque todos são concêntricos em ti:
Cada Primavera acrescentará novo calor ao amor, e
Como os príncipes em tempo de guerra, que lançam
Novos impostos sem depois os revogar na paz,
Nenhum Inverno diminuirá o acrescento da Primavera.

John Donne

3 comentários:

  1. L
    I
    N
    D
    O
    !

    Amiga, eu não consiguia comentar no seu blog.
    Agora, só como "Anônimo". É chato isso.

    Uma semana cheinha de alegrias e muita paz.

    Beijinhos.

    °º♫ magiadaines.blogspot.com
    °º✿
    º° ✿♥ ♫° ·.

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  2. Este poeta e pensador do século 17 deixa-me fascinado com a actualidade das suas poesias.
    São de há muito mas podiam ser de hoje.

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  3. Amiga Jacque, es un poema precioso, como todos los que eliges. Es un placer tenerte como amiga, porque compartes lo más hermoso que tienes con tus amigos, tu amistad y sentimientos.
    Gracias por compartir.
    Un abrzo. Jecego.

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