terça-feira, 14 de junho de 2011


Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos, 
Longe de ti não há luar nem rosas; 
Longe de ti há noites silenciosas, 
Há dias sem calor, beirais sem ninhos! 

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos 
Perdidos pelas noites invernosas... 
Abertos, sonham mãos cariciosas, 
Tuas mãos doces plenas de carinhos! 

Os dias são Outonos: choram... choram... 
Há crisântemos roxos que descoram... 
Há murmúrios dolentes de segredos... 

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! 
E ele é, ó meu amor pelos espaços, 
Fumo leve que foge entre os meus dedos... 

Florbela Espanca

4 comentários:

  1. Gosto muito da Florbela, apesar de alguns de seus poemas serem meio depressivos.
    Mas ela era assim. Poetas nao deveriam morrrer tao jovens..
    Parabens pela postam..lindo dia a vc..
    bj

    Ma

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  2. Florbela Espanca. Como são lindos os seus poemas.
    Adorei.
    Carla
    pinta-colorida.blogspot.com

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  3. Amiga, yo no fumo, pero me encanta leer lo que escribes aunque me falte la fuente que está entre tus dedos. Y tu música, tu música me traslada.
    Gracias por compartir tanta belleza.
    Un abrazo. Jecego.

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  4. Belíssimo este soneto da Florbela.
    Esta poetisa tinha um magia muito própria e sabia, como ninguém, tecer belos odes ao amor.

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