domingo, 1 de maio de 2011


Ternura

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentado
Pela graça indizível dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras dos véus da alma...
É um sossego, uma unção, um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta, muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite 
encontrem sem fatalidade o olhar extático da aurora.

Vinicius de Moraes

4 comentários:

  1. Lindo Jac, adoro quando vc aparece nos meus.... Beijão do ZC

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  2. Jacque, a sua sensibilidade está nas poesias que tão bem sabe escolher.
    Sinto em si grande nostalgia.

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  3. Creio ser a minha 1ª visita:

    Andei por aqui a ler.

    Achei o blog interessante e variado.

    Saudações poéticas

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