segunda-feira, 23 de maio de 2011


Do que Nada se Sabe

A lua ignora que é tranquila e clara 
E não pode sequer saber que é lua; 
A areia, que é a areia. Não há uma 
Coisa que saiba que sua forma é rara. 
As peças de marfim são tão alheias 
Ao abstrato xadrez como essa mão 
Que as rege. Talvez o destino humano, 
Breve alegria e longas odisseias, 
Seja instrumento de Outro. Ignoramos; 
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta. 
Em vão também o medo, a angústia, a absorta 
E truncada oração que iniciamos. 
Que arco terá então lançado a seta 
Que eu sou? Que cume pode ser a meta? 

Jorge Luis Borges

Um comentário:

  1. Bom dia..vc como sempre fazendo lindas escolhas de poemas.A musica..linda..
    Hj estreio no www.tessiturapoetica.com. Apareca.
    Tem selinho pra vc no meu blog, na postagem do dia 25.]]bjka

    Ma

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