sábado, 23 de abril de 2011


Gosto quando te calas

Gosto quando te calas porque estás como ausente,
e me ouves de longe, minha voz não te toca.
Parece que os olhos tivessem de ti voado
e parece que um beijo te fechara a boca.

Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerge das coisas, cheia da minha alma.
Borboleta de sonho, pareces com minha alma,
e te pareces com a palavra melancolia.

Gosto de ti quando calas e estás como distante.
E estás como que te queixando, borboleta em arrulho.
E me ouves de longe, e a minha voz não te alcança:
Deixa-me que me cale com o silêncio teu.

Deixa-me que te fale também com o teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e constelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longinqüo e singelo.

Gosto de ti quando calas porque estás como ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra então, um sorriso bastam.
E eu estou alegre, alegre de que não seja verdade.

Pablo Neruda

3 comentários:

  1. Um abençoado domingo de Pascoa pra ti e toda sua familia minha querida amiga,,,paz de Deus e uma bela semana pra ti...beijos e beijos.

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  2. Oi Querida!!

    Sofremos do mesmo mal. Somos romanticas. Adoro
    Pablo Neruda....

    "Dois...
    Apenas dois.
    Dois seres...
    Dois objetos patéticos.
    Cursos paralelos
    Frente a frente...
    ...Sempre...
    ...A se olharem...
    Pensar talvez:
    “Paralelos que se encontram no infinito...”
    No entanto sós por enquanto.
    Eternamente dois apenas.
    Pablo Neruda""

    Um beijo...musicas empre lindas!!!

    MA Ferreira

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