terça-feira, 26 de outubro de 2010


Que Importa?...

Eu era a desdenhosa, a indiferente. 
Nunca sentira em mim o coração 
Bater em violências de paixão 
Como bate no peito à outra gente. 

Agora, olhas-me tu altivamente, 
Sem sombra de Desejo ou de emoção, 
Enquanto a asa loira da ilusão 
Dentro em mim se desdobra a um sol nascente. 

Minh'alma, a pedra, transformou-se em fonte; 
Como nascida em carinhoso monte 
Toda ela é riso, e é frescura, e graça! 

Nela refresca a boca um só instante... 
Que importa?... Se o cansado viandante 
Bebe em todas as fontes... quando passa?... 

Florbela Espanca

2 comentários:

  1. Da desilusão é que percebemos o quanto é saudável também nos iludirmos.
    Cadinho RoCo

    ResponderExcluir
  2. Jacque

    Posso ser suspeito, sou fã da poetisa, mas um poema seu é sempre garantia de um óptimo post.

    Nomeei-te para receber o selo, do Prémio "Dardos". EXPERIMENTAÇÃO, convido a ires likar e ver o respctivo texto, vale?
    Beijos

    ResponderExcluir